"Pode sair um bom resultado", diz Klink sobre a COP-21 - Sustentabilidade - Estadão
Secretário que participa das negociações do clima mostra otimismo: "Notei claramente que há um engajamento muito forte"
22/05/2015
PARIS - Ainda sem apresentar ao mundo sua "contribuição nacional" para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, o governo brasileiro vê com otimismo as chances de um acordo climático na 21.ª Conferência do Clima (COP-21) das Nações Unidas, que começa no dia 30 de novembro, em Paris.
A avaliação foi feita ao Estado pelo secretário nacional de Mudanças Climáticas, Carlos Klink, que participou de uma conferência sobre negócios e o clima, em Paris.
No evento, o presidente da França, François Hollande, anfitrião da COP-21, destacou o papel dos países emergentes - por isso a importância do Brasil - e afirmou que ainda há riscos de fracasso. "É preciso que tenhamos nesta conferência uma soma de engajamentos. "Entender-se entre 196 (países) é quase um milagre", afirmou Hollande.
A seguir, os principais trechos da entrevista que Klink concedeu ao Estado:
A respeito desses três dias de eventos na Europa, ao que parece a França, anfitriã da Conferência do Clima, e a Alemanha tentam acelerar as discussões...
Notei claramente um engajamento muito forte. Havia 35 ministros de vários países, incluindo os pequenos, no Diálogo de Petersberg, em Berlim. Falou-se de tudo: de adaptação, mitigação, etc. Nas falas de Angela Merkel e François Hollande vi a posição europeia muito forte. A França tem uma responsabilidade, e Hollande ressaltou o risco de um fracasso político. Talvez por isso o governo francês esteja decidido a pressionar por um acordo que valha para todo mundo, com o que nós concordamos. Pela primeira vez vimos uma convergência muito forte para a impressão de que de Paris pode sair um bom resultado.
Hollande ressaltou a preocupação com o fato de que apenas 37 países terem apresentado as "contribuições nacionais". O senhor acha que é um problema?
Não estaria tão preocupado, mas ele está no seu papel, de fazer pressão, enviar um sinal político. Em outubro, a Convenção das Nações Unidas terá de pegar essas contribuições e transformá-las em números. Mas por que não estou preocupado? Porque nas negociações fazemos muitas reuniões bilaterais. Em Berlim, conversamos profundamente com os franceses, os alemães, os americanos, os chineses e com países pequenos. Há, claramente, um compromisso dos países em suas preparações. Eu veria de uma forma mais positiva que Hollande.
O senhor diria que é uma estratégia do Brasil postergar a entrega de suas contribuições nacionais à Convenção do Clima?
Não estamos postergando, mas construindo a melhor contribuição possível com os atores nacionais. Isso vai afetar a vida de todos os atores.
Fonte: Estadão