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Centro de meteorologia dos EUA vê chance de que La Niña suceda El Niño

03 Mar 2016

Centro de meteorologia dos EUA vê chance de que La Niña suceda El Niño

A Imagem acima mostra a temperatura da superfície do oceano Pacífico durante o pico do pior evento global de branqueamento (ocorrido entre 1997 e 1998) em comparação às temperaturas identificadas em julho de 2015. A imagem faz uma comparação com a força do El Niño em 2015/2016 Um centro de meteorologia dos Estados Unidos informou nesta quinta-feira que o fenômeno climático El Niño, que está em andamento, deve se dissipar no fim da primavera ou início do verão no hemisfério Norte e possivelmente fará uma transição para o fenômeno La Niña no fim deste ano. O Centro de Previsão do Clima do Serviço Meteorológico Nacional disse em sua previsão mensal que a maior parte dos modelos mostraram que o forte El Niño enfraqueceria nos próximos meses, com chances de que as condições de La Niña aumentem no outono. O La Niña se caracteriza por temperaturas anormalmente frias na parte equatorial do Oceano Pacífico e tende a ocorrer de maneira imprevisível a cada dois a sete anos. Fenômenos La Niña severos são conectados a enchentes e secas. No Brasil, o La Niña tende a trazer seca no Rio Grande do Sul, importante produtor agrícola. Já o El Niño traz mais umidade para o Sul do Brasil, e tem beneficiado a atual safra de verão dessa região.

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27 Jan 2016

El Niño trará

Algumas das áreas mais afetadas estão no continente africano, onde a escassez de comida poderá atingir seu pico em fevereiro. Partes do Caribe e das Américas Central e do Sul também deverão ser atingidas nos próximos seis meses. Especialistas descrevem o El Niño como um fenômeno climático que envolve o aquecimento incomum das águas superficiais e sub-superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. Suas causas ainda não são bem conhecidas. Após analisar imagens de satélite, a Nasa (agência espacial americana) afirma que o El Niño de 2015-2016 poderá ser comparado ao que muitos chamaram de \"fenômeno monstruoso\" de 18 anos atrás. \"Sem dúvida são muito parecidos. Os fenômenos (El Niño) de 1982-1983 e 1997-1998 foram os de maior impacto no século passado, e parece que agora vemos uma repetição\", disse William Patzert, especialista em clima do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa (JPL, na sigla em inglês) e um dos mais importantes estudiosos do El Niño dos EUA. O pesquisador afirmou ainda que é \"quase fato que os impactos serão enormes\". Esse evento periódico, que tende a elevar temperaturas globais e alterar padrões climáticos, ajudou 2015 a bater o recorde de ano mais quente da história. \"De acordo com certas medições, esse já foi o El Niño mais forte registrado. Depende da maneira como você mede\", disse o cientista Nick Klingaman, da Universidade de Reading, na Inglaterra. \"Em vários países tropicais temos observado reduções de entre 20 e 30% nas chuvas. Houve seca severa na Indonésia. Na Índia, as monções (chuvas) foram 15% abaixo do normal e as previsões para o Brasil e Austrália são de redução nas chuvas.\" As secas e inundações, e o impacto potencial que representam, preocupam as agências de ajuda humanitária. Cerca de 31 milhões de pessoas estão sob risco de escassez de alimentos na África – um aumento significativo em relação a 2014. El Niño O fenômeno climático El Niño faz com que águas quentes do Pacífico central se espalhem na direção das Américas do Norte e do Sul. O El Niño acontece em intervalos entre dois e sete anos, normalmente atingindo seu pico no final do ano – embora seus efeitos possam persistir até os três primeiros meses do ano seguinte e durar até 12 meses. O atual El Niño é o mais forte registrado desde 1998 e, segundo os especialistas, deve ficar entre os três mais poderosos de que se tem conhecimento. Segundo a World Water Organization (Organização Mundial da Água, ou WWO), nos três meses de pico, médias de temperatura na superfície das águas do Pacífico tropical devem ficar mais de 2ºC acima do normal. Um forte El Niño ocorrido há cinco anos estava ligado a chuvas de monções fracas no sudeste da Ásia, secas no sul da Austrália, das Filipinas e do Equador, nevascas nos Estados Unidos, ondas de calor no Brasil e enchentes no México. Segundo William Patzert, o fenômeno tem causado a forte seca no nordeste brasileiro, enquanto que no sul do Brasil e norte da Argentina são registradas inundações. A combinação do aquecimento global com a intensidade do fenômeno esse ano deve fazer com que esse verão seja um dos mais quentes de todos os tempos no Brasil, com as temperaturas ultrapassando facilmente os 40ºC por vários dias seguidos em locais como Rio de Janeiro, Piauí e Tocantins. Segundo meteorologistas, os termômetros podem registrar até 4ºC acima dos valores médios. Ele foi observado por pescadores na costa da América do Sul por volta de 1600, quando as águas do Oceano Pacífico ficaram estranhamente quentes. O nome, El Niño, é uma referência ao menino Jesus. Cerca de um terço dessas pessoas vive na Etiópia, país em que 10,2 milhões de pessoas deverão demandar assistência em 2016, segundo previsões. Alerta Segundo a ONU, cerca de 60 milhões de pessoas foram forçadas a abandonar suas casas por causa de conflitos. Organizações humanitárias como a Oxfam, por exemplo, estão preocupadas com o impacto adicional que o fenômeno climático possa provocar, tendo em vista as pressões provocadas pelos conflitos na Síria, no Sudão do Sul e no Iêmen. As agências dizem que a falta de comida deve atingir seu ponto crítico no Sul da África em fevereiro. No Malauí, autoridades calculam que quase três milhões de pessoas irão precisar de assistência antes de março. Secas e chuvas erráticas afetaram dois milhões de pessoas em Guatemala, Honduras, El Salvador e Nicarágua. Há previsões de mais inundações na América Central em janeiro. \"Milhões de pessoas em lugares como Etiópia, Haiti e Papua Nova Guiné já estão sentindo os efeitos da seca e das perdas de lavouras\", disse Jane Cocking, da Oxfam. \"Precisamos urgentemente levar assistência a essas áreas para assegurar que as pessoas tenham água e alimentos suficientes. Não podemos permitir que outras situações de emergência ocorram em outras áreas. Se o mundo ficar esperando para responder às crises emergindo no sul da África e na América Latina, não teremos como atender à demanda\", acrescentou. Efeito inverso Se por um lado os efeitos de El Niño serão sentidos de forma mais aguda nos países em desenvolvimento, no mundo desenvolvido o impacto será sentido nos preços de alimentos. \"Leva algum tempo para que o impacto do El Niño seja sentido nos sistemas sociais e econômicos\", disse Klingaman. \"A tendência, historicamente, é que preços subam entre 5 e 10% para alimentos básicos. Lavouras de café, arroz, cacau e açúcar tendem a ser particularmente afetadas.\" O El Niño deve terminar por volta do outono no hemisfério sul (primavera no norte). Mas o fim desse ciclo não é boa notícia tão pouco: esse fenômeno climático tende a ser sucedido pelo seu reverso – ou seja, eventos climáticos conhecidos como La Niña, que podem trazer efeitos opostos mas igualmente danosos. Segundo cientistas, durante o El Niño ocorre uma imensa transferência de calor do oceano para a atmosfera. Normalmente, como aconteceu no ciclo de 1997/98, essa transferência de calor tende a ser seguida por um resfriamento do oceano – o evento La Niña. \"É possível – mas não estamos certos – que nesse período no ano que vem estejamos falando sobre o reverso de muitos desses impactos\", explicou Klingaman. \"Em países onde El Niño trouxe secas, pode haver inundações trazidas por La Niña no ano que vem. É tão devastador quanto – porém, na direção inversa.\"

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El Niño trará
O que dizem as vozes discordantes sobre a COP21, maior evento climático de 2015

05 Jan 2016

O que dizem as vozes discordantes sobre a COP21, maior evento climático de 2015

No balanço de 2015 sobre questões ligadas a uma nova ordem social, ambiental e econômica, a Conferência do Clima que aconteceu em Paris (COP-21)  e acabou com promessas de 196 países frearem suas emissões de carbono, não pode deixar de ser a principal referência. Há muito se esperava esse “acordo histórico”, e ele saiu. Os países agora têm metas, que deverão ser avaliadas a cada 5 anos. A visão dos otimistas é de que esse vai ser o primeiro passo para que a temperatura do planeta aumente “apenas” 1,5 grau, em vez dos 3 graus que os cientistas afirmam que vai aumentar caso não se decida, por exemplo, a parar agora o uso de combustíveis fósseis.  Mas, no acordo histórico, isso não é nem mencionado. Baixada a poeira das comemorações, mais de 15 dias depois de o diplomata Laurent Fabius ter batido o martelo e declarado o acordo, procurei notícias sobre o pós-COP21 nos sites dos movimentos socioambientais. As reações não chegam a ser surpreendente. E dão conta de que o fosso entre ricos e pobres e a eterna mancha da desigualdade social continua a perturbar, até mesmo quando acontece uma grande negociação e um acordo global. Do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), a diretora Moema Miranda, que esteve em Paris, deu uma entrevista ao site da organização (leia aqui) cinco dias após o fim da Conferência. Ela toma cuidado ao não avaliar as reações como pessimistas ou otimistas, já que esse tipo de consideração pode até mesmo simplificar demais uma análise que deve seguir outros parâmetros.  Assim como pensam outros representantes de movimentos sociais, para Moema o que deveria ter sido posto em debate, quando se consegue reunir todos os países, é o sistema que causa tanto empobrecimento a uma parcela tão grande da população. Segundo a estatística do Credit Suisse divulgada em outubro deste ano (ouça aqui) , 1% da população mundial concentra metade de toda a riqueza. Segundo Moema Miranda, “O aquecimento global é um indicador da forma de produção e consumo que tem gerado um poder crescente para as corporações e um empobrecimento crescente de uma grande camada da população. Esse sistema não foi questionado na COP”. “ Trata-se de um acordo que foi assinado por muitos países num processo de negociação em que foram abandonadas todas as cláusulas mais importantes que pudessem implicar uma alteração mais radical do sistema que vivemos. Sistema que é a causa mais forte do aquecimento global. O acordo reflete os interesses das corporações que dominam o sistema”, disse Moema. Essa visão é semelhante à de Iara Pietricovsky, membro do colegiado de gestão do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc). Ela também acompanhou sobretudo as reuniões paralelas da COP e escreveu um artigo no dia seguinte ao acordo, denunciando o que chamou de “verdade inconveniente da COP: as corporações venceram” (leia aqui na íntegra) : “Os Estados-Nação abdicam de seu papel moderador dos diversos interesses da sociedade e fiscalizador dos bens comuns, para serem um ator a mais, e imbuído da missão de abrir espaço no âmbito das mentalidades e do marco regulatório e jurídico, para que as grandes corporações e instituições do sistema financeiro pudessem atuar com liberdade e sem constrangimentos.  A lógica corporativa redesenha os Estados, e seus governos operam em total submissão.  Caso contrário, pagam o preço com as crises políticas e econômicas até seu esfacelamento, ou são acionados juridicamente, como vem acontecendo em várias partes do mundo (Canadá e Alemanha são exemplos de governos, entre outros, acionados por grandes multinacionais por atrapalharem seus investimentos e lucros)”, escreve Pietricovski.  No site The Leap (veja aqui) , criado pela jornalista Naomi Klein, que fez uma cobertura praticamente passo a passo da Conferência, um texto escrito no dia 18 de dezembro desconstrói a maioria  das notícias divulgadas após o evento. Para começar, a crítica vai à expressão “acordo”. Na verdade, diz o artigo, o acordo não compromete nenhum país. “O texto \"convida\", \"recomenda\", \"encoraja\", \"pedidos\", \"novos pedidos\", e mesmo \"exorta\" os países a fazerem uma série de coisas. E há requisitos. Mas a obrigação fundamental de cada um é submeter as metas que ele \"tem a intenção de alcançar.\" Se, por um lado, as metas de um país serão regularmente atualizadas, e enquanto governos \"perseguirem\" ações \"com a finalidade de alcançar os objetivos\", por outro eles ficam livres para falharem no processo de baixar as emissões, sem que se vejam obrigados a pagar por isso” , diz o texto, numa clara referência à falta do acordo vinculante no acordo. O Secretário de Estado norte-americano John Kerry ficou muito satisfeito e declarou que o acordo iria “evitar as piores consequências, as mais devastadoras, que poderiam ser causadas pelas mudanças do clima”. Já o ex-vice-presidente Al Gore, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2007 por causa do seu documentário “Uma verdade inconveniente”, qualificou o texto de “acordo universal e ambicioso” e afirmou que a era do crescimento sustentável começou agora e não vai ter volta. O texto do site “The Leap” , que quer dizer “O salto”,  contesta essa afirmação. Assim também como faz críticas aos articulistas da mídia que entendem que o acordo pode ser visto como um sinal aos mercados financeiros e globais de energia de que haverá uma forte mudança, e que a partir de agora não é boa ideia investir em carvão, petróleo e gás. “Esta é uma interpretação compartilhada tanto por políticos como por muitos grupos ambientais. É claro que os defensores do clima vão buscar usar o acordo para pressionar os governos a fazer precisamente este tipo de mudança histórica. Mas o texto do Acordo conta uma história diferente. Ele nunca menciona os combustíveis fósseis. Nem uma vez. A expressão \"energia renovável\" aparece uma única vez. Na verdade, o texto diz que os países irão \"apontar\" para um ‘equilíbrio entre as emissões antrópicas por fontes e remoções por sumidouros de gases de efeito estufa na segunda metade deste século’.\" Quando menciona que as emissões poderão começar a ser equilibradas após 2050, o texto assinado pelos países está deixando uma possibilidade para as empresas de combustíveis fósseis continuarem poluindo até lá. E isso, segundo os cientistas já afirmaram amplamente, é totalmente inadequado com uma proposta de baixar as emissões para evitar o aquecimento. Em linhas gerais, os artigos que criticam a COP apontam para uma saída menos globalizada para o problemão que, todos reconhecem, a humanidade já está vivendo. Um exemplo é a cidade de Portland, uma das maiores dos Estados Unidos, onde a pressão dos ativistas fez com que o prefeito assinasse uma resolução contra qualquer novo terminal de exportação de combustíveis fósseis. A resolução já está contaminando outras prefeituras ali por perto a fazerem o mesmo. É no que acreditam os que lutam não só por condições da atmosfera que não possibilitem um aquecimento global, mas também por condições do planeta que possibilitem uma vida mais justa e digna para todos.

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